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Crise NA FRONTEIRA FACILITA esquema de corrupção

  • Foto do escritor: Turma Jornalismo Impresso
    Turma Jornalismo Impresso
  • 5 de jun. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 1 de jul. de 2019

Caminhos clandestinos e pagamento de propina à militares estão sendo o meio de chegar no Brasil. Venezuelanos afirmaram que estão sendo vítimas de xenofobia em Pacaraima.


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Tumulto na fronteira do Brasil com a Venezuela. Fonte: El País - 24/02/2019

O fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil abriu caminho para um esquema de corrupção e de acessos clandestinos. Militares do país vizinho cobram propina – o valor varia de R$50 a R$100 por carro – para permitir a passagem dos automóveis. Venezuelanos disseram que os soldados não aceitam pagamento em bolívares, apenas em real ou dólar. Um comerciante, que não quis se identificar, afirmou que cerca de 450 pessoas passam pela fronteira diariamente e os militares se aproveitam do desespero do povo para ganhar dinheiro.


Outra forma de chegar ao país é por meio de trilhas ilegais, que podem levar até três dias a pé. As crianças que estudam em Roraima têm que percorrer caminhos perigosos e, às vezes, debaixo de chuva, para chegar à escola. O antropólogo e ex-funcionário do Instituto Venezuelano de Investigações Científicas Fidel Castro imigrou para o Brasil dias antes de a fronteira ser fechada. Ele afirmou que essa medida é apenas simbólica e política.


A fronteira não está, de fato, fechada. Na verdade, ela é um meio para grupos criminosos ganharem dinheiro com uma espécie de “mercado ilegal de trânsito de pessoas”. Além disso, apenas uma ligação com o Brasil foi interditada, afirmou Fidel.

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Pessoas são impedidas de cruzar a fronteira, após o decreto de Nicolás Maduro. Fonte: G1 - 27/02/2019


Revolta em Pacaraima

O aumento de refugiados em Pacaraima, a 215 km de Boa Vista, é motivo de indignação para os cidadãos roraimenses. O que tem estimulado a xenofobia no estado. O advogado Igor Viana, que mora na capital de Roraima, afirmou que toda essa situação está causando uma “revolta generalizada, uma sensação de lugar tomado na população local”.


São diversas questões, desde o argumento de que os venezuelanos estão tomando os nossos empregos, por serem uma mão de obra mais barata, ao aumento de pequenos crimes de roubos e furtos praticados, em maior parte, por imigrantes. Outro motivo é o reaparecimento de doenças que estavam erradicadas no estado, como o sarampo. É muito comum as notícias de brasileiros fazendo justiça com as próprias mãos, disse Igor.

Luis Salazar, 24, conta que veio para o Brasil com o intuito de ajudar sua família que vive na Venezuela. No entanto, ele ainda está desempregado. Segundo o venezuelano, os roraimenses são muito preconceituosos com os imigrantes.


- Uma vez, fui alugar um carro e estava indo tudo bem até que eu contei ao dono que era venezuelano. Depois da notícia, ele não quis mais me prestar o serviço. Entendo a revolta dos roraimenses, devido às ações criminosas praticadas pelo meu povo, mas é importante frisar que nem todos são criminosos. Há pessoas honestas também, disse.


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Venezuelanos voltam a seu país depois de comprar comida na cidade de Pacaraima, no estado de Roraima. Fonte: Exame - 22/02/2019


De acordo com moradores de Pacaraima a cidade está um caos, já que o número de moradores de rua, violência e prostituição aumentou como a vinda desses estrangeiros. A população reclama da superlotação em hospitais, maternidades e escolas do município. A lei da Migração, sancionada pelo presidente Michel Temer em 2017, garante igualdade de direitos a programas, serviços e benefícios sociais aos migrantes. No entanto, ela também é alvo de críticas. A professora Suellen Guivara, 39, relata que com a aplicação da lei, os venezuelanos têm prioridade em tudo e os brasileiros em nada. Suellen contou que a cidade cresce de forma assustadora, mas não tem estrutura para isso. O que resulta, inclusive, na mudança de muitos moradores para outras cidades.


Muitas casas estão à venda, além disso tudo aumentou porque os venezuelanos raramente compram no varejo. O quilo de arroz que antes custava R$2,00 já está em R$3,10, o café que era vendido por R$6,00 agora custa R$7,00. O aluguel de Pacaraima também subiu. O apartamento que custava R$300,00 foi para R$500, R$600, afirmou Suellen.

Crise na Venezuela


A venezuelana Deyanira Castro explicou que a situação de seu país piora a cada dia. O fornecimento de serviços básicos como água e luz é inconstante. Deyanira tem problema nos rins e precisa fazer hemodiálise frequentemente. No entanto, a paciente afirmou que os hospitais não têm os materiais necessários para realizar o tratamento.


- Devido à inconstância no fornecimento de energia elétrica, muitas pessoas que precisam de aparelhos para sobreviver estão morrendo, pois os apagões podem durar até 20 dias, afirmou Deyanira.

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Venezuelanos protestam contra a crise na saúde. Fonte: Jornal da Cidade - 08/10/2017

Em relação à ajuda humanitária, venezuelanos afirmaram que não a recebem. Alguns, inclusive, denunciaram que isso não passa de um jogo político, já que nunca conheceram alguém que tenha garantido esse benefício. Eles afirmaram que estão saindo do país para ajudar os parentes que ainda residem na Venezuela a sobreviver. O antropólogo Fidel Castro disse muitos de seus amigos que trabalhavam como professores universitários trocaram a profissão pela pesca, pois assim é possível garantir o alimento. A inflação no país já ultrapassou 2.600.000%.


O presidente da Venezuela Nicolás Maduro decidiu fechar a fronteira com o Brasil no dia 21 de fevereiro para evitar a entrada de ajuda humanitária no país enviada pelos Estados Unidos e países vizinhos. Essas nações fazem oposição ao governo de Maduro e reconhecem o Deputado Juan Guaidó – que se autoproclamou presidente interino Venezuela - como presidente.


Por: Ianka Menezes

 
 
 

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