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Quem fica em cima do muro

  • Foto do escritor: Turma Jornalismo Impresso
    Turma Jornalismo Impresso
  • 24 de jun. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de jun. de 2019

Os lados dos eleitores que optaram por votar nulo em 2018


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Card ilustra urna eleitoral (Superinteressante/Abril)

O voto brasileiro é utilitarista e altamente influenciável. Essa é a conclusão do cientista político Rudá Ricci, diretor do Instituto Cultiva. A ideia de que ou o voto irá impactar diretamente a vida do cidadão ou de que não tem nenhuma relação são alguns dos motivos que levam historicamente um terço do eleitorado a não escolher nenhum candidato. Foi o caso das eleições de 2018, quando no 2º turno 8,6 milhões de votos foram literalmente descartados.


Três eleitores, Henrique, Marcela e Rosa, são de realidades diferentes, mas têm em comum a indiferença e não identificação com os políticos. Compreendem o voto como uma arma, só que ao contrário, o não-voto. Os três compõem os 30% que no ano passado bateram o recorde de não-votos, se é que essa seja uma marca positiva, em termos de comparação o aumento foi de 60% em relação a eleição presidencial de 2014. Para Ricci esses eleitores não têm clareza de que em bloco ficam.



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Henrique afirma não ter ânimo para Política

Henrique Machado, 20, é estudante e morador da Gávea, votou nulo em outubro do último ano por também não se identificar nem se sentir confortável em apoiá-los. Henrique também acredita que se o voto nulo não fosse uma opção o resultado seria o mesmo.



















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Marcela posa na varanda de casa

Marcela Lisboa, 27, que trabalha com produção cultural e mora no Complexo da Penha tem outras razões:

Não vi em nenhum dos candidatos uma alternativa que fizesse sentido dentro do que entendo por democracia. O candidato de extrema direita nunca seria uma opção pra mim, mas confesso que o PT também não me parecia uma alternativa. Já construí um partido político e percebi que, mesmo dentro de uma lógica de esquerda, questões que são prioritárias pra mim ainda são secundárias ou terciárias para eles.

Para os outros cargos, a moradora da Penha não votou nulo para deputada estadual e federal porque, pela primeira vez, se viu. Para que hoje vote em um candidato homem, branco e de classe média alta, este precisa estar comprometido com a população negra, periférica, favelada, quilombola, gerazeira, indígena... tratar das fissuras internas do país.


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Rosa é pastora e anulou todos os votos

Votei nulo porque nenhum dos candidatos me interessavam, principalmente pelo desempenho do trabalho deles e a forma de lidarem com as situações. Muitas pessoas que conheço e que não votaram foi pela mesma questão. Votei nulo sabendo quem ganharia - disse a paraibana Rosa Marcolino, 37, pastora evangélica.

São brasileiros de diferentes perfis que nas eleições decidiram por ficar em cima do muro e não votar em nenhum candidato, em pelo menos uma das vagas que estavam sendo disputadas.


Dentre as principais razões apontadas pelo cientista político Rudá Ricci para se escolher em quem votar ou não, está o fato de o político ser alguém presente no cotidiano de quem vota. Para ele, o eleitor reflete sobre o que ganha com a eleição de tal sujeito. No caso dos deputados e senadores, diz, são cada vez mais ignorados, diferente do vereador que quase sempre é uma liderança local”.


Só se decide em quem votar 10 dias antes das eleições, na maioria da população. As pessoas procuram a família, vizinhos e na véspera da votação o que está mais propagado, que tende a ser o que tem mais dinheiro. Por isso não temos renovação do Congresso, a renovação foi de 17% - complementa Rudá.


Por: Jefferson Barbosa

 
 
 

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